“Os muros do mundo”*

Em novembro passado celebraram-se 25 anos da queda do muro de Berlim. Nas minhas viagens pela internet, li uma interessante reportagem acerca de outros muros (sete, neste caso) que continuam a “dividir o mundo”.
O artigo mencionava muros que dividem vários, como a Coreia do Norte da Coreia do Sul, a Cisjordânia de Israel, os Estados Unidos do México, etc.
Existem outros muros, claro, mas estes sete são tremendos pela sua importância. Eles dividem, distanciam, isolam. São barreiras, fronteiras, separadores. No meio da euforia da celebração da queda do muro de Berlim, talvez estes muros passassem despercebidos. Estes e outros muros. E talvez o pior dos muros...

Agora escutem! O Senhor não é nenhum ser fraco que não possa salvar-nos; nem tão-pouco se está a tornar surdo! Ele ouve perfeitamente quando clamam a ele! Mas o problema é que os vossos pecados vos separam de Deus.” (Isaías 59:1,2a, OL)
Isaías falava para o povo escolhido de Deus, os judeus, mas o problema do pecado continua a fazer separação, e não é exclusivo daquele povo nem daquela época. O pecado ainda hoje faz divisão entre nós e Deus – a maior e mais atroz barreira criada pelo Homem.
Alguns desconhecem que essa barreira existe. Outros preferem calar a voz da consciência. Outros, ainda, têm a perfeita noção de que ela está lá mas querem fazer equilibrismo em cima dela. Finalmente existem pessoas que a reconhecem e a querem derrubar, mas será que têm tido resultados positivos? E será que a aparente ignorância ou leviandade anulam a existência e/ou os efeitos dessa separação humanamente intransponível?
Paulo menciona na sua carta à Igreja em Roma vários casos ou grupos de pessoas e a sua relação com os muros do pecado. Primeiro, ele fala da corrupção do povo não judeu, com a sua idolatria e imoralidade (Romanos 1:18-32). Em segundo lugar, menciona os moralistas que defendiam, basicamente, uma ética do tipo “faz o que eu digo, não faças o que eu faço” (Romanos 2:1-16). Em terceiro lugar, ele aborda a arrogância religiosa, neste caso dos judeus que se vangloriavam por conhecerem a lei de Deus, mas não obedeciam aos Seus mandamentos (Romanos 2:17-3:8).
Devassos e corruptos, moralistas ou religiosos arrogantes... a sociedade dos tempos do Novo Testamento não era assim tão diferente da nossa, afinal. Por fim, ele é claro e direto: “Assim diz a Sagrada Escritura: Não há ninguém que seja justo. Ninguém. (...) Que todos se calem e não arranjem desculpas e que o mundo todo se sujeite ao julgamento de Deus.” (Romanos 3:10,19b, BPT)
Palavras que custam a ouvir, mas verdades que precisamos enfrentar e tratar. De facto, temos uma barreira pecaminosa a separar-nos da santidade de Deus. Mas tenhamos esperança, porque também temos uma solução vitoriosa para derrubar essa barreira sedutora, hostil, enganadora e martirizante.
Deus não ficou “do outro lado”, como um ditador austero que tem sede de vingança pela desobediência dos seus súbditos. Não! Deus planeou a solução final para o problema que o Homem causou. Aquele que foi rejeitado, pela nossa desobediência, criou os meios para que cada homem e mulher que pise neste planeta possa transpor a distância que o muro do pecado criou. Jesus Cristo é essa solução. Ele venceu as tentações e pressões da vida. Ele venceu o poder final da morte. O Seu amor é demolidor.
 “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu único Filho, para que todo aquele que nele crer não morra, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16, NTLH)

Ana Ramalho Rosa


“Os muros do mundo”, Expresso, publicado a 14 de novembro de 2014, expresso.sapo.pt, consultado a 14 de novembro de 2014.


Bibliografia: STOTT, John, A Bíblia toda, o ano todo, Editora Ultimato, Viçosa, 2007, pág. 354.


in revista Novas de Alegria, março 2015


Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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