“Toda a gente quer governar o mundo”*


A ambição por poder preenche as páginas da História revelando episódios de luta para governar, de boa e má governação.

Traições, mortes, guerras, subornos, e mil e um estratagemas que colocaram imperadores, reis, rainhas e presidentes no topo... e que também os tiraram de lá.

É interessante que a própria Bíblia menciona em vários dos seus livros a luta dos homens pelo poder, a todo e qualquer custo. Bons governantes, mesmo com as suas imperfeições, viveram e agiram de acordo com a vontade de Deus. Assim, vinha um tempo de avivamento espiritual que resultava em paz e prosperidade. Maus governantes, mesmo com as suas qualidades, viravam-se para o seu próprio prazer, para outros deuses, que não o Deus verdadeiro e o resultado era visível: apostasia de toda a espécie, guerras, destruição.

O título, “Toda a gente quer governar o mundo” (tradução livre de “Everybody wants to rule the world”), chamou-me à atenção numa manhã, pela rádio. A letra desta canção dos Tears fo Fears, que remonta aos anos 80, fala de aproveitar a liberdade e o prazer que a vida dá, uma vez que ela, conta a letra “não dura para sempre”. Fala do poder – ou da ilusão de poder – que temos ao decidir pelo nosso coração.

A letra reflete de algum modo aquilo que o Homem tem feito desde o início da sua História. “A serpente, que era o mais astuto de todos os animais selvagens criados pelo Senhor Deus, disse à mulher: ‘Com que então Deus proibiu-vos de comerem do fruto de todas as árvores do jardim!’ Mas a mulher respondeu-lhe: ‘Nós podemos comer o fruto das árvores do jardim. Só nos proibiu de comer do fruto da árvore que está no meio do jardim. Se tocássemos no seu fruto, morreríamos.’ A serpente replicou-lhe: ‘Não têm que morrer. De maneira nenhuma! O que acontece é que Deus sabe que no dia em que comerem desse fruto, abrir-se-ão os vossos olhos e ficarão a conhecer o mal e o bem, tal como Deus’.” (Génesis 3:1-4, BPT)

Na ânsia de controlar a sua própria vida, o ser humano decidiu desobedecer à única ordem que Deus deixou... nos argumentos da serpente, ele seria “tal como Deus” (versículo 4). Deus, o Criador, não foi um governador tirano, repressivo, ditador. Ele deixou que o Homem O escolhesse... ou não! E ao escolher desobedecer a Deus, o Homem traçou a sua decisão e as consequências da mesma. Quis governar-se a si mesmo, quis dominar o seu destino. Acabou escravo da sua própria natureza, corrompida pela separação voluntária relativamente a Deus. Escravo da sociedade que construiu, com os seus valores decaídos. Escravo da pessoa que ouviu, Satanás, mesmo que disfarçado de todas e quaisquer maneiras ou “boas intenções”.

O resultado de toda a gente querer governar o mundo – mesmo que seja apenas o “seu” mundo – não tem sido famoso. Em termos gerais continuam o crime, a suspeita, o ciúme, a ganância, a prepotência, o escárnio, a inveja... e a lista continuaria. Os sistema políticos falham. As reformas sociais são limitadas. A solução está na intervenção no coração do Homem, uma vida de cada vez. Em vez de se autogovernar numa libertinagem que é maior ou menor, de pessoa para pessoa, o Homem necessita aceitar o reinado de Deus na sua vida, no seu mundo. Precisa arrepender-se dos erros e decisões realizados contra Deus, contra ele mesmo e contra os outros... todos e cada um!

A profecia para o povo de Israel aplica-se de alguma forma a todos nós, quando decidimos aceitar livremente a soberania de Deus nas nossas vidas: “Vou dar-vos um novo coração e um novo espírito. Em vez do vosso coração de pedra, vou dar-vos um obediente coração de carne. Vou pôr o meu espírito em vós e farei com que obedeçam fielmente às minhas leis e aos meus mandamentos que vos dei.” (Ezequiel 36:26-27, BPT)

Ana Ramalho Rosa


* Tradução livre do título da canção “Everybody wants to rule the world”, tema escrito por Chris Hughes, Roland Orzabal, Ian Stanley. Interpretado pelos Tears For Fears, nos anos 80.

in revista Novas de Alegria, novembro 2014

Texto escrito conforme o novo acordo ortográfico

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