"Jesus já trabalha e não quer férias"


O título "criativo" de uma notícia desportiva abre o assunto deste artigo: "Jesus já trabalha e não quer férias"1.
Se Jesus, o treinador que propõe "salvar" um clube de futebol, está a trabalhar, que diremos de Jesus Cristo, o salvador do mundo? No Evangelho segundo João, após ter curado um paralítico, Jesus confronta os Seus ouvintes com essa realidade.
"Mas Jesus respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (...) Jesus acrescentou: O Filho nada pode fazer por si só. Faz unicamente o que vê o Pai fazer, e do mesmo modo. Pois o Pai ama o Filho e diz-lhe tudo o que faz; e o Filho realizará obras maiores do que a cura deste homem, de forma que hão-de ficar maravilhados. Tal como o Pai ressuscita os mortos e os vivifica, assim também o Filho dará a vida a quem ele entender." (João 5:17, 19-21; versão "O Livro")
Jesus veio com um propósito claro e foi para alcançá-lo que Ele trabalhou. Aquela cura era apenas o "aperitivo". A nossa redenção (o pagamento da dívida do pecado), a nossa regeneração (transformação numa nova vida), a nossa adopção (tornarmo-nos filhos de Deus), era o alvo maior, a obra maior que Ele queria e quer realizar.
A vida de Cristo é a expressão prática de um Deus que "trabalha para aqueles que nele esperam" (Isaías 64:4b). Paulo descreve na sua carta aos cristãos de Éfeso o trabalho da Trindade na nossa salvação. O Pai projectou a nossa salvação (Cap. 1:3-6); o Filho executou (Cap. 1:7-12); o Espírito Santo confirma essa salvação (Cap. 1:13-14).
Deus não está estatelado no Seu trono à espera simplesmente de ser adorado pelos anjos e pelos homens... Deus trabalhou, trabalha e irá continuar a trabalhar.
Primeiro, Ele trabalhou para nos criar. Somos obra dos Seus dedos. Ele fez-nos deste modo maravilhoso, diz David no Salmo 139. Criou-nos para nos relacionarmos com Ele. Somos ideia de Deus. Se existimos é porque Ele assim o desejou.
Depois, Ele trabalhou para restaurar a nossa relação destruída e distorcida pelo pecado. Trabalhou em prol da salvação de cada homem e mulher que Ele ama profundamente, de um modo incompreensível.
A cruz foi o consumar dessa obra. Abriu-se a porta para que todos possam, sem fazer nada para o merecer, receber as bênçãos do Céu, uma qualidade de vida eterna que experimentamos agora e que iremos desfrutar em quantidade ilimitada pela eternidade.
Este "trabalho" não é resultado de uma obrigação, mas é a expressão prática da Sua graça. Por minha causa. Por tua causa.
Sinto-me amada por Deus. Ele não trabalhou porque "tinha que" pagar as contas do meu pecado. Ele fê-lo por amor. Porque deseja ter comunhão connosco. Ele deu o primeiro (grande) passo para restabelecer essa relação. A cada dia preciso relembrar que Ele me ama e que o que vivo agora, por melhor ou pior que seja aos meus olhos, é apenas um esboço imperfeito daquilo que Ele tem para mim... mais do que "coisas", um relacionamento eterno.
"E que os vossos entendimentos sejam iluminados para poderem ter uma ideia nítida dessa esperança que ele vos chamou a ter, e para perceberem a extensão gloriosa de tudo aquilo que está reservado para aqueles que são seus filhos." (Efésios 1:18, versão "O Livro").

Ana Ramalho


1http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=167277&rss=1

in revista Novas de Alegria, Setembro 2009

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