Velhas oportunidades

Quando chegamos a um novo ano, há a tradição de prometer mudança, deixar este ou aquele mau hábito. Um novo ano é visto como uma nova oportunidade. E aquelas “velhas oportunidades” que pusemos de lado com o tempo?
Na última vez que mudei de casa, ao desfazer os caixotes, descobri velhos álbuns de fotografias... foi um momento verdadeiramente nostálgico. Revi várias pessoas, com as quais privei, mas hoje não sei onde estão. Amigos com quem passei muitos e bons momentos, mas perdi o seu rasto completamente. E aqueles de quem não tenho fotografias? Onde estão?
A vida corre a uma velocidade louca, até que somos interrompidos inesperadamente por circunstâncias várias, ou nos “encostamos” definitivamente. As rugas vão chegando, os cabelos brancos insistem em tomar conta da nossa cabeça. As articulações ficam presas... e as oportunidades, vão ficando para trás. As pessoas ficaram lá, no passado.
Quantos abraços deixámos do lado de cá da nossa vida moderna, cheia de egoísmos e afazeres... um abraço era a esperança daquela pessoa, deitada na berma da estrada ou sentada na cadeira do escritório, ao nosso lado no autocarro ou à espera de uma consulta, no centro de saúde.
Quantas pessoas abandonámos no caminho, porque não nos traziam nenhum benefício, ou nos entretemos com os nossos nadas? Cada pessoa que foi deixada é uma oportunidade, um valor impossível de explicar...
Ao contrário de mim, Deus nunca despreza uma vida. Ele nunca perde uma boa oportunidade. Deus nunca obriga ninguém a amá-Lo, mas procura a todos, porque Ele nos ama. Deus chama, mas não força. Busca, mas não impõe. Deus sabe tudo e mesmo assim ama a todos. Sabe os nossos pensamentos deturpados, como erramos tantas vezes e fazemos aquilo que O entristece.... mas, mesmo assim, Ele ama-nos.
Deus continua à procura daqueles que nunca O chamaram “Pai”. Até mesmo daqueles que julgam que Ele não existe. No Seu amor indescritível, Ele busca os que se perderam nos seus caminhos e hoje, desiludidos e amargurados, pensam não ter mais solução. Deus também espera os que já foram Seus filhos, mas por vontade própria e no meio de muitas circunstâncias foram-se afastando do Pai.
Deus continua à nossa espera, qualquer que seja a nossa condição. A “velha oportunidade”, de reconciliação e felicidade completa, continua disponível para todos. Ele não quer perder esta oportunidade. E tu?
“Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.” (Lucas 15:7).


Ana Ramalho

in revista Novas de Alegria, Janeiro 2009

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