O gigante adormecido
O verdadeiro potencial da Escola Dominical
Será que a
Escola Dominical está ultrapassada? E que idades podem
estar incluídas? Quais os melhores métodos e estruturas? O que fazer se ela
está a “morrer”? Há mais potencial na Escola Dominical do que imaginamos.
“Escola Dominical:
acordar o gigante adormecido” foi o título de uma revista “Enrichement Journal”1
em 2002. O próprio título faz-nos pensar... e muito.
Um gigante pode
ser um “peso morto” difícil (ou impossível) de mover quando está a dormir. Pode
ser um perigo eminente se toda a sua força estiver descontrolada ou focada nos
objectivos errados. Simultaneamente, quando posto em acção para alvos concretos,
a sua dimensão promove desenvolvimento e crescimento. A História tem uma
palavra a dizer neste aspecto (veja o quadro “Começos”).
O POTENCIAL DA ESTRUTURA
Embora a expressão Escola Dominical não surja na Palavra
de Deus, muitos dos peritos em Educação Cristã apontam o sistema de ensino exposto no capítulo 8 de Neemias como uma base
estrutural para a Escola Dominical.
Esdras
era o superintendente (v2), o manual era a Palavra de Deus (v.3) e os alunos
eram homens, mulheres e crianças (v3; 12:43). Além disso, existiam treze
auxiliares de ensino - professores (v.4;7;8) – que não apenas liam, mas
explicavam o que Deus queria comunicar ao Seu povo. “E leram o livro, na Lei de
Deus, e declarando e explicando o sentido, faziam que, lendo, se
entendesse." (Neemias 8:8).
Outro dos muitos
exemplos que poderíamos usar é o aspecto didáctico do ensino de Cristo. É
brilhante como Ele comunicava com cada pessoa de acordo com aquilo que era
conhecido para ela. Jesus falava de igual para igual. Não queria demonstrar a
sua oratória ou eloquência, mas atingir as pessoas com a Sua mensagem.
“Uma das maiores
forças para o rápido crescimento da Igreja em dois terços do mundo? É o
ministério em comunidade, uma obrigação de todos os crentes e uma alegria para
elas. A Escola Dominical tem essa virtude...”2 .
A primeira coisa
que dá à Escola Dominical o seu potencial é a estrutura e metodologia de
ensino. Aquilo que hoje as empresas chamam “nichos de mercado”, ou seja, grupos
de pessoas com características muito específicas, já a Escola Dominical
descobriu há muito tempo! O enfoque na faixa etária particular, articulado com
o conhecimento pessoal dos alunos, permite estabelecer estratégias de ensino
concretas que irão produzir mais e melhor fruto.
O POTENCIAL DAs MOTIVAÇÕES
Outro
facto interessante é pensarmos nas motivações
de Raikes. Ele teve compaixão e demonstrou-o pela sua acção consequente. Mais
ainda, não se tratou de um evento momentâneo mas de algo contínuo, que revelou
o sentido de compromisso do jornalista de Gloucester.
Sejamos pais,
professores ou líderes, a nossa motivação para com este ministério é muito
importante. Se o estamos a fazer por rotina, obrigação, para evidência pessoal
ou porque “não havia outra coisa na igreja para fazer”, sem compreender que
aquilo que dizemos, fazemos e somos está a moldar o carácter dos nossos alunos,
podemos falhar o alvo.
O POTENCIAL DA CONTEXTUALIZAÇÃO
O
objectivo de Raikes não era financeiro, mas humano. Ele queria que a vida
daquelas crianças fosse melhor. Para isso ele não ficou preso aos métodos
convencionais da época, mas revolucionou
o modo de ensinar – tanto a Palavra de Deus como as outras matérias.
Quando nos
tornamos “escravos” de métodos ou formatos, perdemos a noção do propósito da
Escola Dominical. Importa sermos bíblicos a 100% mas também contextualizados,
para evangelizar, formar e preparar para o serviço cristão as crianças, jovens
e adultos. Ou seja, comunicar e apresentar o evangelho de um modo compreensível,
de acordo com a idade, etc.
Mudar por mudar,
mudar constantemente, pode levar também a uma insegurança e desconforto
permanentes. Mas, às vezes, preferimos “morrer” a mudar... e esquecemos que
connosco “morre” uma nova geração. Não precisamos temer a contextualização, mas
a diluição da mensagem. Precisamos ponderar, planificar e orar muito antes de
agir, mas se a nossa Escola Dominical está a decair, o melhor mesmo é actuar!
O desafio é
gigante, tal como o potencial da Escola Dominical. Precisamos reflectir em que
ponto está esse “gigante”. Adormecido? A mover-se no sentido errado? A caminhar
firme e com sentido?
Estrutura,
motivação e contextualização. Que Deus levante muitos “Robert Raikes” com
visão, paixão e perseverança para alcançar biblicamente a nova geração.
1 Revista dedicada à liderança das
Assembleias de Deus dos Estados Unidos
2 HORRELL J. Scott A essência da igreja São Paulo: Hagnos, 2004, pág. 124
Fontes: www.escoladominical.com.br; Revista Voz Missionária. Ano 75, Agosto-Setembro de 2004; www.infed.org,; pesquisa pessoal do
pastor José Manuel de Sousa mencionada em
BAPTISTA Carlos, Escola Dominical
I, Foz do Arelho: IBAD, 2006, Obra não publicada.
in revista Novas de Alegria, Setembro 2008
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