O grande encenador

Mudar de vida, mudar de cena, mudar de prioridades.

Este ano passou a correr. Olhando-o de longe, parece que começou ontem e termina amanhã. Mas, vendo-o de perto, ao recordá-lo semana a semana, reconheço que houve minutos quase tornados eternos pela dor e horas de festa que pereciam infindáveis. Tudo isto é tão próprio de nós, dependentes de horários, relógio e calendários.
O maior bem que temos para gerir enquanto vivemos é mesmo o nosso tempo. Quando falamos de prioridades, falamos do modo como encaixamos tudo o que precisamos fazer no nosso dia, na semana, no mês, no ano e na vida. Penso que o Marcos Neves faz uma boa reflexão acerca disso este mês, numa das próximas páginas. Mas eu queria convidar-te para ver este assunto numa outra perspectiva.
Como humanos podemos planear fazer algo numa determinada altura. Dirigir a nossa vida familiar, emocional, escolar ou profissional num certo sentido. Dar prioridade a alguém ou a alguma actividade em detrimento de outra. Sejamos sinceros: gostamos de controlar os acontecimentos da nossa vida, certo? Não desejamos limitar-nos a estar no palco e seguir o guião, mas queremos assumir as funções do encenador, do guionista, do produtor. Não nos chega ter o papel principal. Queremos mudar a nossa história à nossa maneira. Não sei se este retrato te é familiar...
Mas, o que acontece quando alguém vem e muda a nossa agenda, rotina ou prioridades? O que fazes quando algo se passou ou algum personagem menos ao teu gosto apareceu em cena, imprevisivelmente? A realidade é que coisas inesperadas acontecem na nossa vida. Isso sucede com maior intensidade a partir do momento em que escolhemos ter Deus como o Grande Encenador e Guionista.
Quando entregas a tua vida a Jesus, as prioridades a nível geral mudam. Deus tem a primazia na área moral, espiritual e social. Mas as preferências das tuas decisões pessoais também sofrem uma transformação. É certo que não te tornas um ser telecomandado, mas vais ser desafiado muitas vezes a mudar os teus planos. Perder um emprego, receber uma promoção, começar um projecto na igreja sem ter fundos, receber uma oferta para o trabalho social em que estás envolvido, estudar outra vez, mudar de cidade, mudar de curso... O importante é reconheceres a voz de Deus no meio de todas essas transformações. Perceber se Ele está ou não a aprovar essa decisão. Isso requer conhecer o coração de Deus. Isso requer intimidade.
Viver com Deus é mesmo assim. O melhor mesmo é registares os teus compromissos na agenda da vida com um lápis. Nunca se sabe quando terás de apagar um assunto e escrever outra coisa no seu lugar. A nossa prioridade deve ser deixar Deus dirigir a nossa agenda, para que seja coincidente com os Seus planos para nós.
Isto exige submissão e compromisso. Isto exige “morrermos” para que Ele viva em nós. Isto exige uma interdependência de Deus total e permanente. Só desta forma teremos capacidade dada por Ele para suportar as incertezas e questões motivadas pelas surpresas desagradáveis da vida e para resistir à presunção do sucesso.
A vida com Deus é a melhor vida que alguém pode desejar... e quem decide seguir por este caminho, deverá estar pronto para mudar a qualquer momento pois Ele é a grande prioridade da nossa vida.

“Mas o nosso Deus está nos céus; faz tudo o que lhe apraz.” (Salmo 115:3)

Ana Ramalho

in revista Novas de Alegria, suplemento NAJovem, Dezembro 2007

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